Os 6 erros mais comuns praticados por investidores iniciantes.
- Jean Hoffmann

- 7 de out.
- 7 min de leitura
Dá Série: “Investir é para Todos — A Jornada do Leigo à Liberdade Financeira”

Erros Comuns de Iniciantes: Aprenda com Quem Já Quebrou a Cara
Desde o início da pandemia, quase 1 milhão de brasileiros se aventuraram no mercado de investimentos buscando uma saída para a crise — muitos influenciados por promessas de enriquecimento rápido, fórmulas milagrosas e vídeos de influenciadores ostentando ganhos irreais. O resultado? Um prejuízo coletivo de R$ 9,9 bilhões apenas com operações de day trade, segundo estudo da FGV.
Esses números não incluem os gastos com cursos, plataformas, taxas e corretagens. Ou seja, o rombo é ainda maior. A prática, vendida como solução mágica, funcionou como uma verdadeira transferência de riqueza das pessoas físicas para as instituições financeiras.
E não foram apenas jovens impulsivos ou curiosos de redes sociais. Médicos, engenheiros, aposentados, estudantes e até procuradores entraram nessa onda — todos acreditando que bastava seguir um software ou uma “estratégia validada” para ganhar dinheiro dormindo.
A verdade é que o mercado financeiro não perdoa amadores. E os erros cometidos por iniciantes continuam se repetindo, mesmo com tanta informação disponível. Neste artigo, vamos expor os deslizes mais comuns — e mostrar como você pode escapar deles antes que seja tarde.
1. Falta de Planejamento Financeiro
Erro: Investir sem saber seus objetivos ou prazos para o dinheiro ficar investido.

Entrar no mercado de investimento sem compreender perfil de risco é como dirigir sem saber para onde está indo — você pode até se mover, mas provavelmente vai parar no lugar errado (ou bater no meio do caminho).
Segundo um estudo da FGV, mais de 90% dos investidores que operam sem estratégia definida — especialmente em modalidades como day trade — acabam no prejuízo. E isso não é só por falta de técnica, mas por ausência de planejamento financeiro básico: não saber quanto podem investir, por quanto tempo, nem o que esperam alcançar.
Além disso, uma pesquisa da ANBIMA revelou que apenas 26% dos brasileiros que investem têm metas financeiras claras. O restante aplica dinheiro de forma aleatória, muitas vezes influenciado por modismos ou promessas de retorno rápido.
Como evitar:
Dê nome ao seu dinheiro - Estabeleça metas financeiras específicas: aposentadoria, compra de imóvel, viagem, independência financeira.
Planejamento por etapas - Classifique essas metas por prazo: curto (até 2 anos), médio (2 a 5 anos) e longo (acima de 5 anos).
Entenda seu comportamento sob pressão - Avalie seu perfil de risco: conservador, moderado ou arrojado.
Metas de investimento - Determine quanto pode investir mensalmente sem comprometer sua reserva de emergência ou seu padrão de vida.
📌 Dica prática: Use simuladores gratuitos de corretoras ou apps de finanças para visualizar o impacto de diferentes estratégias. Planejar não é burocracia — é proteção contra decisões impulsivas.
2. Não Diversificar a Carteira
Erro: Colocar todo o dinheiro em um único ativo ou setor é como apostar todas as fichas em um único número da roleta. Se der errado, o prejuízo pode ser total.

Durante a pandemia, muitos investidores iniciantes foram seduzidos por ações de empresas “da moda” — como varejistas digitais ou startups de tecnologia — e colocaram todo o capital nesses papéis. Quando o mercado virou, vieram as perdas: só em 2022, ações como Magazine Luiza e Méliuz chegaram a cair mais de 80%, deixando milhares de investidores no vermelho.
A diversificação é a principal defesa contra a volatilidade e os riscos inesperados. Um estudo da Universidade Jaypee, publicado no Investing.com, compara a construção de uma carteira à construção de uma casa: se você usar apenas madeira e houver um incêndio, tudo será destruído. Mas se usar madeira, tijolos e pedra, o impacto será menor e mais localizado.
Como evitar:
Distribua seus investimentos entre diferentes classes de ativos: ações, renda fixa, fundos imobiliários, ETFs, criptomoedas (com cautela), entre outros.
Dentro de cada classe, diversifique também: por exemplo, em ações, invista em setores diferentes (bancos, energia, consumo, saúde).
Avalie o seu perfil de risco e o prazo de cada objetivo para definir a proporção ideal entre segurança e rentabilidade.
Evite concentrar mais de 20% do seu patrimônio em um único ativo, a menos que tenha profundo conhecimento sobre ele.
📌 Dica prática: Use plataformas como o Tesouro Direto, fundos multimercado e ETFs para começar a diversificar com pouco dinheiro e sem precisar escolher ativos individualmente.
3. Ignorar Taxas e Custos
Erro: Esquecer de considerar taxas de corretagem, administração, performance e impostos é como encher um balde furado: você pode até colocar dinheiro, mas ele vai escorrer sem que perceba.

Segundo um estudo publicado pela FasterCapital, os custos de investimento — especialmente em fundos — podem reduzir até 40% da rentabilidade líquida ao longo de uma década. E isso sem contar os impactos de impostos mal planejados, como o famoso “come-cotas” em fundos de renda fixa e multimercado.
Muitos iniciantes se empolgam com promessas de rentabilidade e ignoram o que está nas letras miúdas. Resultado: pagam taxas abusivas em fundos ruins, operam em corretoras com custos elevados ou deixam de aproveitar isenções fiscais por falta de conhecimento.
Como evitar:
Compare plataformas: muitas corretoras oferecem isenção de taxa de corretagem para renda fixa ou ações.
Avalie fundos com taxa de administração inferior a 1% ao ano, especialmente se forem de renda fixa.
Entenda os impostos: ações têm alíquota de 15% sobre lucro, mas vendas abaixo de R$ 20 mil por mês são isentas.
Use simuladores que mostram o impacto das taxas ao longo do tempo — você vai se surpreender com o quanto isso pesa.
📌 Dica prática: Antes de investir em qualquer fundo, procure pelo indicador Taxa Total de Custos (TTC). Ele mostra o custo real do produto, incluindo taxas visíveis e ocultas.
4. Seguir o “Efeito Manada”
Erro: Comprar ou vender ativos só porque “todo mundo está fazendo” é como pular de um penhasco porque viu uma fila se formando na beira. O instinto coletivo pode parecer seguro, mas no mercado financeiro, ele costuma ser fatal.

Segundo a B3, durante a pandemia, o número de investidores pessoa física na bolsa brasileira saltou de cerca de 1 milhão para mais de 5 milhões em menos de dois anos. Muitos entraram influenciados por vídeos virais, fóruns de apostas em ações e promessas de lucros fáceis. O resultado? Uma onda de compras em empresas como Oi, IRB Brasil e Magazine Luiza — que depois despencaram, gerando perdas de até 80% para quem entrou no topo.
A especialista em economia comportamental Flávia Ávila explica que o efeito manada é um “atalho mental” que usamos para economizar energia na tomada de decisão. Mas no mercado, esse atalho pode levar direto ao prejuízo. “As pessoas seguem o grupo porque acham que os outros sabem mais, mas ignoram que o grupo também pode estar errado”.
Como evitar:
Nunca invista com base em boatos, fóruns ou vídeos virais. Use fontes confiáveis e dados concretos.
Questione sempre: por que estou comprando esse ativo? Ele se encaixa nos meus objetivos e perfil?
Estude os fundamentos da empresa ou ativo antes de investir — lucro, dívida, setor, perspectivas.
Evite entrar em ativos foguete, ações que já subiram muito em pouco tempo sem justificativa clara.
📌 Dica prática: Crie o hábito de anotar o motivo de cada investimento. Se a resposta for “porque todo mundo está comprando”, pare e reavalie.
5. Tratar o Investimento como Jogo
Erro: Acreditar em enriquecimento rápido ou seguir dicas milagrosas é como entrar em um cassino achando que vai sair milionário — a casa sempre ganha, e o apostador quase sempre perde.

Desde 2020, com o crescimento das redes sociais e o aumento do interesse por investimentos, surgiram centenas de “gurus financeiros” prometendo lucros fáceis com frases como “ganhe 10% ao mês sem risco” ou “esse robô opera por você enquanto dorme”. Segundo a OP Cred, esses esquemas de enriquecimento rápido — que incluem pirâmides financeiras, marketing multinível disfarçado e falsas promessas com criptomoedas — já causaram prejuízos bilionários no Brasil.
Um dos casos mais emblemáticos foi o da Telexfree, que deixou milhares de brasileiros no prejuízo. Mais recentemente, clubes de assinatura e plataformas de “trading automatizado” têm repetido o mesmo roteiro: atraem com promessas irreais, colapsam quando o fluxo de novos participantes para, e somem com o dinheiro.
A ilusão do sucesso financeiro imediato é alimentada pela ganância e pela falta de educação financeira. Como alerta o portal Serpros, “se parece bom demais para ser verdade, provavelmente é”.
Como evitar:
Desconfie de qualquer promessa de retorno elevado e garantido — especialmente se vier acompanhada de urgência ou exclusividade.
Fuja de “dicas quentes” em grupos de WhatsApp, fóruns ou vídeos sensacionalistas.
Adote uma mentalidade de longo prazo: investimentos sólidos levam tempo para maturar.
Estude antes de investir: entenda o produto, o risco, e o histórico da empresa ou plataforma.
📌 Dica prática: Antes de investir, pergunte-se: “Eu entendo como esse produto gera lucro?” Se a resposta for não, pare. O desconhecimento é o terreno fértil para golpes.
6. Não Reavaliar os Investimentos
Erro: Deixar a carteira esquecida por anos é como plantar uma árvore e nunca mais regar — ela pode até crescer, mas corre o risco de definhar ou ser sufocada por ervas daninhas.

Segundo o Blog Mercantil, um dos erros mais comuns entre iniciantes é não revisar os investimentos com regularidade. O mercado muda, os ativos se comportam de forma diferente ao longo do tempo, e até seus próprios objetivos podem evoluir. Ignorar isso pode fazer com que você mantenha ativos que já não fazem sentido — ou perca oportunidades melhores.
Além disso, mudanças econômicas, políticas e até tecnológicas podem afetar diretamente o desempenho dos seus investimentos. Um fundo que era excelente há três anos pode hoje estar defasado, com taxas altas e rentabilidade abaixo da média.
Como evitar:
Estabeleça uma rotina de revisão: mensal, trimestral ou semestral, dependendo do tipo de investimento.
Verifique se os ativos ainda estão alinhados com seus objetivos e perfil de risco.
Avalie a performance: compare com benchmarks e veja se há opções melhores.
Rebalanceie a carteira quando necessário — vendendo o que cresceu demais e comprando o que está abaixo da meta.
📌 Dica prática: Use planilhas ou apps de controle financeiro para acompanhar a evolução da carteira. E se possível, conte com o apoio de um assessor ou consultor para revisões mais estratégicas.
Conclusão: Se Você Ainda Vai Insistir em Errar, Que Seja com Consciência
Errar faz parte do jogo — mas repetir os mesmos erros de quem já quebrou a cara é pura teimosia. O mercado financeiro não tem pena de amadores, e ele não vai te devolver o dinheiro só porque você “não sabia”.
Se você está começando agora, leve essas lições a sério. Não caia em promessas fáceis, não siga modinhas, e não trate seu patrimônio como fichas de pôquer. Investir exige estudo, paciência e revisão constante. É uma jornada — e quem tenta correr demais, tropeça.
Então, antes de clicar em “comprar” ou seguir aquele influenciador que ostenta ganhos irreais, pare e pense: você está investindo ou apostando?
Fonte - sites - Imagens capturadas do BING - Blog Banco Mercantil; OP Cred; Conhecer Serpros; Bora Investir - B3; Faster Capital; Br Investing; Portal FGV.




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