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Fortunas Construídas na Base da Enganação - Golpes ou bons de papo?

  • Foto do escritor: Jean Hoffmann
    Jean Hoffmann
  • 8 de jul.
  • 6 min de leitura
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O que não devemos celebrar são fortunas construídas a base de golpes e enganação.


Vivemos em uma era onde a imagem do sucesso muitas vezes se confunde com a de quem “venceu a qualquer custo”. Influenciadores, filmes e manchetes exaltam fortunas e conquistas, mas nem sempre expõem os caminhos tortuosos que as originaram.

De tempos em tempos, surgem figuras que se tornam ícones — não pela ética, mas pela esperteza. Alguns são admirados por sua audácia, outros pela capacidade de manipular sistemas e pessoas. E quando esses casos ganham palco, o risco é cultivar uma falsa noção de que tudo vale em nome da ascensão financeira. Mas será que deveríamos mesmo celebrar essas histórias?

Neste texto, vamos destrinchar exemplos reais de fortunas construídas na base da enganação — e refletir sobre o que a educação financeira ética e consciente tem a dizer sobre esses caminhos. Porque prosperar, sim; mas nunca às custas dos valores que sustentam uma sociedade justa.

Muitas desses "golpes" viraram filmes, mas, a preocupação está na distorção que o glamour do cinema repassou aos casos, colocando estes exemplos como sendo um caminho a ser seguido por outros.


🎭 O Fascínio Pelo Antagonista - Golpes que foram para tela do cinema.


Jordan Belfort como o “Lobo de Wall Street” - Jordan Belfort fundou a corretora Stratton Oakmont, que operava como uma boiler room — um esquema de vendas agressivas de ações de baixo valor (penny stocks), infladas artificialmente por informações falsas. O golpe era conhecido como “pump and dump”: eles inflavam o preço das ações, vendiam com lucro e deixavam os investidores com papéis praticamente sem valor.

Não se engane pela história e o enredo contado no cinema, Jordan Belfort pode ter ganhado notoriedade como o carismático “Lobo de Wall Street”, mas por trás da fachada glamourosa retratada no cinema, está uma realidade dolorosa de prejuízos profundos. Mais de 1.500 investidores foram diretamente lesados por seu esquema — entre eles, pequenos empresários e pessoas comuns, que acreditaram na promessa de ganhos fáceis e foram atraídos pelas táticas agressivas da corretora Stratton Oakmont. Um dos casos mais emblemáticos é o de Al Vitt, que perdeu US$ 215 mil, economias acumuladas ao longo de sua vida e destinadas à aposentadoria. Esses impactos reais e humanos contrastam fortemente com a imagem romantizada da história, evidenciando o abismo entre a audácia do golpista e o sofrimento das vítimas.

Jordan Belfort, através do esquema fraudulento da Stratton Oakmont, causou um rombo financeiro estimado em mais de US$ 200 milhões, lesando milhares de investidores — muitos deles pessoas comuns que confiavam na promessa de retorno fácil. Como consequência judicial, foi condenado a restituir US$ 110,4 milhões às vítimas, valor que ele mesmo admitiu ter aceitado pagar. No entanto, até hoje, Belfort ainda deve cerca de US$ 97,5 milhões, tendo arcado apenas com uma fração do montante, o que reforça a magnitude do golpe e o impacto duradouro sobre aqueles que foram enganados por sua fachada de sucesso.

Em julho de 2003 foi condenado por fraude de valores mobiliários e lavagem de dinheiro, devido ao esquema bilionário que executou através da corretora Stratton Oakmont. Inicialmente sentenciado a 4 anos de prisão, ele acabou cumprindo 22 meses após firmar acordo com o FBI, entregando nomes e detalhes de outros envolvidos no esquema. Durante esse período atrás das grades, começou a escrever sua autobiografia, que mais tarde serviria de base para o filme O Lobo de Wall Street, dirigido por Martin Scorsese e estrelado por Leonardo DiCaprio — uma adaptação que levou sua controversa trajetória das salas de audiência diretamente para os cinemas.


O Império X e a Queda de Eike Batista - Durante a década de 2000, o símbolo do empresário brasileiro que prometia transformar o país com uma combinação de ambição, discurso otimista e grandes projetos industriais. À frente de um conglomerado batizado de Grupo EBX, ele construiu empresas como a OGX, voltada à exploração de petróleo, e a OSX, especializada em construção naval — ambas apresentadas como revolucionárias para os setores em que atuavam.


O sucesso midiático foi tanto que, em 2012, Eike chegou a ocupar o posto de 7º homem mais rico do mundo, segundo a revista Forbes. No entanto, o império começou a ruir quando promessas de produção não se concretizaram, gerando desconfiança do mercado e quedas bruscas no valor das ações. A derrocada se agravou com denúncias de manipulação de mercado, fraude contábil e investigações que culminaram em processos criminais. Hoje, a OSX enfrenta nova recuperação judicial, com dívidas bilionárias e seu fundador figurando como exemplo emblemático de como a supervalorização de imagem pode encobrir estruturas frágeis e questionáveis.

A derrocada de Eike Batista não se restringe apenas ao colapso de suas empresas — ela reverberou profundamente entre os milhares de investidores que acreditaram em suas promessas. À frente de gigantes como OGX e OSX, Eike cultivou uma imagem pública de empreendedor visionário que impulsionaria o Brasil rumo ao protagonismo global nos setores de petróleo e construção naval. Essa narrativa atraiu pequenos investidores, fundos de pensão e grandes instituições, todos seduzidos por projeções ousadas e dados superestimados. Contudo, a realidade por trás dos bastidores revelou um cenário de manipulação de mercado, uso de informações privilegiadas e divulgação de dados irreais. Estima-se que os prejuízos ultrapassaram R$ 14 bilhões, com ações despencando mais de 90%.

A resposta da Justiça brasileira foi contundente: Eike foi condenado por crimes como manipulação de mercado, insider trading, lavagem de dinheiro e corrupção ativa. Suas penas somam 58 anos de prisão, incluindo uma sentença de 11 anos e 8 meses especificamente por uso de informação privilegiada e manipulação de ações. Além disso, foi multado em R$ 871 milhões e atualmente cumpre prisão domiciliar, tornando-se um símbolo claro de como o brilho da celebridade empresarial pode encobrir estruturas fraudulentas e devastadoras.

A trajetória de Eike Batista foi adaptada para o cinema no filme Eike – Tudo ou Nada, lançado em 22 de setembro de 2022. Dirigido por Andradina Azevedo e Dida Andrade, o longa é baseado no livro homônimo da jornalista Malu Gaspar, que investiga os bastidores do império EBX e sua ruína espetacular.


🚫 O Que NÃO Devemos Celebrar


Em uma era marcada por ostentação e idolatria financeira, é fundamental estabelecer o limite entre prosperidade legítima e enriquecimento às custas da ética. Riqueza sem princípios é, na verdade, um convite elegante ao fracasso, por mais que reluza aos olhos. O sucesso verdadeiro não está no valor acumulado na conta bancária, mas na honradez do caminho percorrido, nas escolhas conscientes e na contribuição para uma sociedade mais justa. Quando se celebra quem enriqueceu enganando, manipulando ou explorando a boa-fé alheia, perpetua-se uma cultura de oportunismo e desrespeito, que mina a confiança coletiva e coloca em risco os valores que sustentam a prosperidade duradoura.


🌱 Educação Financeira: Quando a Enganação Vira Modelo, a Ética Pede Socorro


Ao revisitar histórias como as de Jordan Belfort, Eike Batista, Bernard Madoff e outras figuras que enriqueceram às custas da confiança alheia, uma verdade incômoda salta aos olhos: a verdadeira ameaça não é o golpe em si, mas sua normalização — e pior, sua celebração.

O que dizer de Belfort, que após lesar mais de 1.500 pessoas e acumular um rombo bilionário, continua livre, dando palestras motivacionais e lucrando com sua história? E de Eike, cuja sentença ultrapassa 58 anos de prisão, mas cumpre pena em casa? A sociedade tem sido indulgente com crimes de colarinho branco — que, apesar do impacto devastador, raramente recebem punições proporcionais. Essa complacência perpetua um modelo tóxico: o do “vencedor esperto”, o “herói da malandragem”, que enriquece ludibriando e ainda ganha prestígio.

Mas enriquecer enganando não é genialidade — é a falência da ética. É a distorção do que deveria ser exemplo, legado e inspiração. É transformar veneno em vitrine. E é aí que entra o papel da educação financeira ética: como antídoto contra ilusões, como escudo contra manipulações, como bússola para escolhas conscientes. Ensinar sobre dinheiro é ensinar sobre valores, limites e caráter.

A prosperidade que defendemos não tem atalhos obscuros, nem atalhos que custam o sonho de outros. Ela é sólida, sustentável e compartilhada — porque só é verdadeira quando ninguém precisa perder para alguém ganhar.

Se esse artigo fez você pensar diferente, compartilhe. Porque o caminho ético pode parecer menos glamouroso, mas é o único que leva à verdadeira prosperidade.






.....Este conteúdo foi desenvolvido com o apoio da inteligência artificial Copilot, da Microsoft, combinando tecnologia e curadoria humana para entregar informação de qualidade.


Fontes:

1 - Imagem do cartaz filme THE WOLF OF WALL STREET - Ar.inspiredpencil.com

2 - Imagem de Jordan Belfort - fixquotes.com

3 - Imagem do cartaz filme Eike Tudo ou Nada - casapark.com.br

4 - Imagem do Eike Bastista - investidorsardinha.r7.com

Demais fontes do texto - sites - Adoro Cinema, G1 Globo, Infomoney, MPF, Metrópoles, Família Previdência, CVD.ADV, JusBrasil,

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